sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

II - GRANSCY E O NOVO TEMPO

O que Granscy viu lá fora o deixou de certa forma maravilhado. Alguém havia mesmo mexido na planta.A cidade nada maos era que um entrelaçamento de tubos de cristais transparentes suspensos no ar servindo de vias para pequenas e grandes naves que transitavam velozmente indo e vindo dentro de fluxuogramas ensandecidos. Outra forma de desobstrução do caos e que também chamou a atenção do nosso herói foram os jatos propulsores preso nas costas dos transeuntes permitindo-lhes trafegarem livremente pelos céus.É claro que alguns dos usuários desses transportes alternativos - sob forte efeito dos metazoydes ou benzoclynas, ou até mesmo de halcaloydes mais levees - colidiam com os aerobus que por sua vez estavam com os dias contados, visto que se rornaram com o tempo, grandes, feios e obsoletos.Gramscy mesmo olhou para um deles que cortava o plúmbeo som numa lentidão idiota. Coçou o nariz e riu.Mirou o olhar na direção norte. O Grande pássaro estava lá. No alto da montanha, com seus pescoço comprido e olhos grandes e bobos.Vigiava a todos porque essa era sua função. A grande sentinela deixou ce ser HÁ muito tempo, o Grande Pêndulo.Com o advento e a ascensão do Grande Pássaro, ficou mais difícil burlar as leis ou criar novas formas de incestos. Para alguns foi sem dúvida uma mudança significativa. Pra outros não. Mas o quê Granscy tinha a ver com isso? Ele olhou as horas e foi até a esquina comprar jornal.Viu estampado em letras garrafais:

PASTELEIRO FAZ MAIS VÍTIMAS. DESSA VEZ, UM CLÃ INTEIRO NO QUADRANTE 9. A POLÍCIA AINDA NÃO TEM PISTAS DO HOMICIDA. POR ENQUANTO ADVERTE: "EVITEM COMER PASTÉIS".
pausas para risos





No entanto Granscy não achou nada engraçado. "Onde tem um bar decente por aqui?" Perguntou ao jornaleiro. "Logo ali, no Domo." Apontou com o beiço, o jornaleiro. Granscy olhou para um letreiro neon que piscava luzes intermitentes e se encaminhou para lá.No balcão, ele pediu uma dose de conhaque, o que provocou - é claro - risos de espanto no garçom jovem e franzino. "Conhaque? só servimos Benzentel, senhor." "BEN-ZEN-TEL?" "Sim, senhor, BEN-ZEN-TEL. E só em dose." "Então me vê uma dose disso aí." "Quente ou frio?" "Hein? - Granscy não entendeu. "Quente ou frio? Repetiu o garçom olhando-o de lado para ele, curioso. "Não dá para ser gelado?" "Frio, o senhor quer dizer, senhor. Como quiser." Foi então lhe servido uma dose de Benzentel.Granscy tomou um gole e fez uma careta. "De que raios é feito isso?" "Isto é uma UVA, senhor. UNIÃO DO VEGETAL DO AFEGANISTÃO."
Não tardou paras Granscy viajar nas imagens. Cismou com um sujeito que escondia-se debaixo de uma mesa. "Que diabos ele faz ali socado debaixo daquela mesa?" Por acaso, é algum Glump-Glump?" Perguntou ele ao graçom que ficava mais franzino. "Não, senhor. É só mais alguém envergonhado com sua existencia." "Hummm, deve ter cometido alguma falha, pois não?" "Todos nós temos as nossas falhas, senhor." Retrucou o garçom. A voz ficando cada vez mais inaudível. Passados alguns minutos, ele se dirigiu ao garçom mais uma vez: "Por acaso, sabes onde fica a Cidade dos Anões?" Expresso KYY, plataforma B.Creio eu que o senhor ainda não possui os propulsores em razão de serem caros, portanto, não aconselho os aerobus, embora sejam mais baratos, são lerdos e sujos e levam um dia todo para se chegar aonde se quer." A voz do garçom soara como uma fita sendo rebobinada. Aquele de fato teria sido um esforço imenso para o garçom que desintegrou-se virando pólem sobre o balcão de vidro do Domo. Granscy achou aquilo estranho e engraçado. Ficou ali drenando sua dose de UVA e distraindo-se um pouco com a TELECÉLULA que noticiava com exclusividade o último feito dos cientistas caucasianos. Comemoravam, pois, o clone do novo Papa. Um clone sem aberrações patogênicas,afetações dogmáticas ou coisas do gênero.
"Palhaçada!! Séculos de estudos e avanços científicos e eles ainda acreditam no processo de clonagem." Falou um holograma enfezado, de passagem pelo Domo. Embora houvesse causado um grande espanto em Granscy, ele não lhe dera muito ouvidos. Pagou a conta e deixou o lugar.

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