terça-feira, 29 de março de 2011

A PERNA - PARTE III

Um cheiro de porra, vômitos e merda empesteava a casa toda. M. tentou apoiar-se no canto da pia, mas escorregou quase batendo sua cabeça que girava como um torno.
_Caralho! – Esbravejou. Tentou de novo e dessa vez conseguiu. Ficou um tempo pensando nauseabundamente em nada. Cambaleou até a sala e chegou no quarto e na cozinha. Nenhum sinal da Perna e nem da puta da Madonna. Só aquele cheiro de imundície empestando tudo. Viu as horas: eram quase três da tarde de um outro dia. Véspera de Natal. _Vai ver saíram juntos pra comprar mais bebidas_ Pensou otimista. Tomou uma chuveirada para ver se aliviava a ressaquinha. Passaram algumas horas e nenhum sinal deles. Aí o telefone tocou e era Ecumênicus, um amigo seu:
_Porra, Mário! Onde tu andavas? Tem aquele sarau hoje lá no Campus! Esqueceu não, né?
"SEI, SEI, MAS DEI EU TE FALAR, ACONTECEU UNS TROÇOS ESTRANHOS POR AQUI, CARA, MAIOR DOIDEIRA, TU NÃO VAI ACREDITAR, CÊ TÁ ME OUVINDO? ACABEI DE FODER COM UMA PERNA E COM A PUTA DA MADONNA DAQUELE PÉ SUJO VINTE E QUATRO HORAS LÁ DO BAIXO, DO BAIXO, PORRA, É, DO BAIXO SIM, E TUDO COMEÇOU NO BAR DAQUELE PORTUGUÊS IMUNDO, CÊ TÁ ME OUVINDO? TAVA LÁ TOMANDO MINHA CERVEJINHA SOSSEGADO QUE É DE LEI E AÍ APARECEU AQUELE FILHA DA PUTA DAQUELE PROFESSOR DE LITERATURA LÁ DA FACULDADE ACOMPANHADO DE UM BAITA MULHERÃO E TUDO IA BEM QUANDO ELE COMEÇOU A SACANEAR COM OS MEUS ESCRITOS, ELE DISSE QUE ELES NÃO VALIAM NADA QUE EU FORÇAVA A BARRA QUE A POESIA É UM FLUXO LIVRE E QUE EJU ERA UM PLÁGIO, UM PLÁGIO, CÊ TÁ ME OUVINDO? PORRA CÊ ME CONHECE E SABE QUE EU NÃO SOU UM PLÁGIO E SABE QUE QUE QUANDO EU FICA BÊBADO FAÇO MERDA, NÃP ME CALEI NÃO, MANDEI ELE E A PUTINHA DELE Á PUTA QUE PARIU E AÍ ELES DEIXARAM O BAR ME ESCONJURANDO E EU TIVE QUE PAGAR A CONTA SOZINHO, AÍ ENTÃO EU DEIXEI O BAR E DESCI A EDUARDO RIBEIRO RUMO AO PUTEIRO, ONDE MAIS, E LÁ EU CONHECI A PERNA, UMA PERNA CABELUDA DE VERDADE E ELA SALVOU A MINHA NOITE, CARA, ELA PUXOU CONVERSA COMIGO E FICAMOS NO BALCÃO BEBENDO NOSSOS CONHAQUES E A PERNA FALOU QUE O MUNDO É UM DESMEMBRAMENTO E EU NÃO TINHA PRESTADO ATENÇÃO NISSO CARA, O MUNDO É UM DESMEMBRAMENTO, CÊ TÁ ME OUVINDO, O MUNDO É UM DES-MEM-BRA-MEN-TO, DEPOIS APARECEU A MADONNA, CARA, ELA TÁ ACABADONA, VELHA, ESCROTA MESMO E ELLA QUIS FAZER UM PROGRAMA COMIGO E COM A PERNA ENTÃO SAÍMOS DE LÁ DO PUTEIRO E EU OS TROUXE PARA CÁ PARA A MINHA CASA, CARALHO, ELA E A PERNA ERAM ADEPTAS DO FIST, VOCÊ POR ACASO SABE ONDE SE ORIGINOU O FIST? NA TAILÂNDIA, CARA, É, NA TAILÂNDIA, OLHA QUE MASSA E ELES PRATICARAM ESSA IMUNDÍCIE NA MINHA FRENTE, CARA, ELA ENGOLIU A PERNA TODINHA, ENTROU TUDO, DEPOIS ELA ME CHAMOU PRA COMER O SEU CU E EU METI NO CU DELA, NO CU DA MADONNA E FICAMOS AQUI OS TRÊS FODENDO A MADRUGADA TODA, E FODEMOS TAMBÉM NO BANHEIRO, EU COMI A PERNA, AH SIM, A PERNA TINHA UM BURACO FEIO BEM, UMA ESPÉCIE DE NECROSE DESSAS QUE APARECEM NAS EMBALAGENS DE CIGARRO, SÓ QUE ELA INSISTIU EM DIZER QUE NÃO ERA UMA NECROSE DESSAS QUE APARECEM NAS EMBALAGENS DE PROPAGANDA DE CIGARRO, QUE ERA UM BURACO POR ONDE RESPIRAVA, E PARECIA MESMO UM BURACO, UM BURACO MACIO, METI MEU PAU LÁ DENTRO ENQUANTO A FILHA DA PUTA DA MADONNA RESOLVEU ENFIAR UM PEPINO INTERINHO NO MEU CU E AGORA EU TE PERGUNTO, PORRA, O-QUE- QUE- EU- TÔ- FAZENDO- DA- MINHA- VIDA- PORRAAAAAAAAAAAA...."
_OK,OK, escuta! Você tá bem Mário? Relaxa, olha. Cê bebeu demais, descansa e não esquece que hoje temos um sarau. Leva o Sindicato que eu preciso dar uma revisada nele.
E desligou.
M. deixou a poeira sentar um pouco e pensou em ir até a mercearia mais próxima comprar qualquer coisa pra comer, porque sentiu fome. Vestiu-se e desceu as escadas do seu prédio. Na portaria, parou e perguntou ao seu Clóvis, o porteiro:
_O senhor por acaso viu passar por aqui uma mulher suspeita acompanhada de uma Perna cabeluda, seu Clóvis?
_Hein? _ M. repetiu a pergunta. _Não, senhor, não vi.
_Ok.
M. deixou o prédio e atravessou a rua em direção a tal mercearia. ,Lá comprou leite, pão, bolachas, e um enlatado de conservas e também uma garrafa de Cizano que era pra matar a ressaca.
_Tanto, maestro. _Contabilizou o comerciante. M. mandou botar na conta. Deu meia volta e atravessou a rua, retornando o prédio. Fazia um a tarde agradável. Ventava. Um vento frio acariciava a espinha dos passantes. Parou de novo e perguntou ao porteiro:
_O senhor tem certeza que não viu passar por aqui uma mulher suspeita acompanhada de uma Perna cabeluda, seu Clóvis?
_Tenho, seu Mário.
_Então tá.
Aceitar ou não a realidade dos fatos, só a ele cabia, e a mais ninguém. Olhou o sol que brilhava lá fora e subiu sorrindo as escadas do seu prédio.

segunda-feira, 28 de março de 2011

TLENGUILOGOLÁ

Desculpem, é que tive que interromper este conto para escrever esse Tlenguilogolá. É,um Tlenguilogolá, foi o que me pareceu o evento que vi na ultima quinta feira na Praça do Congresso. Refiro-me aos protestos que andam acontecendo na cidade de Manaus contra a Ordem dos Músicos em razão da probição que houve por parte da associação em não permitir que uma das cantoras popularissimas daqui da terrinha não subisse ao palco para cantar. Não estou aqui defendendo a tal ordem, mas convenhamos, se se tratasse de uma outra cantora menos popular quanto a Srta. Marcia Siqueira ou a Srta. Marilene Castro ou um Nicolas Júnior da vida (é, este mesmo que faz criticas sociais e que a mim não dizem nada e nem me fazem rir) - ainda que a mesma estivesse associada a tal ordem e cometesse o vacilo de não estar em dias com a associação - será que todo esse movimento se desencadearia? será que haveriam tantos músicos e outros artistas e a mídia toda aderindo a essa corrente de protestos com o intuito somente de se autoprojetar? Foi o que eu pude ver na última quinta feira na Praça do Congresso. Tudo muito bonitinho, tudo muito estruturado. Todos dando seus gritos de, Fora a ordem!
Tudo isso, senhores, a mim soa apenas como uma grande balela. Um grande Tlenguilogolá. E portanto, sou contra esses protestos.

É ESSA A MINHA OPINIÃO!!!

quarta-feira, 23 de março de 2011

A PERNA IV - ELA FOI INCHANDO INCHANDO E INCHANDO COMO UMA JIBOA DEVORANDO SUA PRESA

No apartamento, M. fez transbordar seus cálices de bebida barata enquanto a Perna escolhia um pancadão pra tocar. E escolheu justamente o que M. mais gostava de ouvir: Ostéd nos infernos, de uma banda de rock do Paraguai. Tinham gostos muito parecidos. Parecia até que a Perna algum dia pertencera ao seu corpo; um membro querido seu. Mas isso já era absurdo demais. Madonna – completamente nua – desfilava pela casa seus setenta e um quilo de flacidez e banha. As pernas e coxas cobertas de alegres varizes por toda parte. As celulites pinicavam como estrelinhas travessas na imensidão da carne branca. Os peitões desmaiados. e AÍ MEU DEUS,aquela cicatriz horrivel de cesariana que partia do ventre á glote. Ainda sim, parecia capaz de provocar nele e na Perna, um espécie de desejo doentio ginasiano.
A Perna dirigiu-se á Madonna e a convidou para dançar. Ela dançou com a Perna uma dança estranha e sensual. Estirado no sofá, M. acendeu seu cigarro, tomou uma golada de sua bebida ordinária e puxou o seu pau para se masturbar. Precisava de algum jeito registrar aquilo tudo, mas estava ficando bêbado demais, de modo que as imagens foram ficando aos poucos difusas, dando-lhe a impressão de estar dentro de um sonho loucamente entorpecido. Foi então que a Madonna sugeriu o fist, e eles começaram a praticar um fist ás avessas, já que a Perna obviamente não possuía punhos, enfiando-se ela mesma na buceta da Madonna, e ela foi então inchando, inchando e inchando como uma jiboia devorando sua presa. Como se não bastasse, fez um sinalzinho com o indicador chamando M. e ordenando que ele metesse no seu cu. A chuva havia engrossado um pouco lá fora. Dava para ouvir o barulhão dela. M. ordenhou bem o seu pau e meteu no cu da Madonna. Ela tinha agora M. e a Perna. Estava agora preenchida e gritava como louca acompanhada da voz rouca dos trovões. M. metia no seu cu e depois em sua boca. Começava a gostar daquela porca e ela no afã do delírio os chamava de príncipes. Meteram e meteram por horas até M. gozar e tombar exausto para o lado. Mas não pensem que acabou aí não. M. tirou o seu pau pra fora e foi até o banheiro urinar. Urinou como um potrozinho. O pau ainda latejava. Foi quando ele ouviu uma voz:
_Em forma ainda, hein campeão! Virou-se e deu com a Perna escorada á porta. Havia acabado de sair de dentro da Madonna e ainda estava coberta de gosma.
_É, a gente faz o que pode. Disse M. orgulhoso dando aquela balançadinha clássica.
_Mesmo?
_Han han.
_Então me fode agora, meu rei! Mete em mim, vai! Disse a Perna com malícia.
_Não rola! Tentou passar mas a Perna bloqueou-lhe a passagem.
_Por que não rola?
_Essa tua necrose aí.
_Não é uma necrose. É um buraco,já disse.
_Mas não rola.
_Vai, mete só um pouquinho, vai! Encurralou M. no banheiro e o pau dele já estava duro de novo. A Perna tinha lá o seu poder de sedução e M. não resistiu, metendo seu pau no buraco da Perna. Ela deu um gemidinho profundo. M. pareceu gostar e foi metendo mais e mais fundo no buraco da Perna. Parecia bizarro, mais gostoso. Madonna apareceu de repente segurando um pepino bem grande. M. a viu pelo espelho mas não fez nada. Ela foi por trás dele e alisou sua bunda:
_Vai ficar gostoso assim. Foi o que ela disse enterrando de leve o pepino no cu de M. Agora ele fodia a Perna e Madonna fodia ele com o pepino. Ela enterrou o pepino até o fundo e M. viu estrelas explodindo.
Então M. desmaiou.

sábado, 19 de março de 2011

A PERNA III - É DURO VIVER SEM OS MEMBROS COMPANHEIROS, SEJA QUAIS FOREM ELES.

Fez parar um taxi e eles entraram. A perna acomodou-se atrás com Madonna e M. seguiu na frente ao lado do motorista.
_Para onde? _Perguntou o motorista.
_Toca pra frente.
Madonna esfregava-se loucamente na perna da Perna, arrancando dela, gemidinhos de prazer. O motorista – um senhor de seus cinquenta e poucos anos, olhava assustado pelo retrovisor. Não aguentou por muito tempo, não. E virando-se para M. perguntou:
_Aquilo lá atrás, meu patrão, é uma prótese?
_Não senhor. É uma perna de verdade.
Ficou um tempo em silêncio e depois observou tristemente:
_Minha velha perdeu as pernas em um acidente de carro. As duas. Deve ser muito difícil viver sem os membros. Sejam quais forem eles.
M. não disse nada. Fez ele parar um instante numa loja de conveniências aberta e saltou para comprar uma bebidas. Depois voltou e entrou no carro. Tudo muito rápido.
_Falta muito pra chegar, gente boa? Perguntou a Perna lá atrás.
_Já estamos chegando. Tranquilizou M.
_E fist? cês curtem fist? Perguntou Madonna com uma voz arrastada e bêbada.
_Topamos tudo, não é companheiro? Quis saber a Perna.
_Sim, topamos tudo. Confirmou M.
_Éééé... é duro viver sem os membros, companheiros, sejam quais forem eles. Reforçou o motorista.
O taxi avançou na noite. Começou a chover fininho porque era dezembro. Os para-brisas ensaiavam uma dança macabra. Hipnotizadora. A avenida miseravelmente enfeitada de luzinhas natalinas ia ficando para trás. As pessoas em seus pequenos arranhaceus, aguardavam o nascimento do salvador, enquanto o mundo se desmembrava. M. refletiu um instante porque M. parecia ainda possuir um restinho de alma...

quinta-feira, 17 de março de 2011

A PERNA - PARTE II - O MUNDO É ESSE DESMEMBRAMENTO

_ O que você fazia da vida antes de se tornar isso aí... digo... essa perna? Perguntou encabulado M.
_Tudo bem... – Tossiu a Perna. _ Vivi muito tempo sentado sobre o próprio rabo, sem produzir nada, saca, aí então veio o câncer da inércia e me consumiu, restando-me apenas esta perna, o que eu sou agora. Cê não pode ficar sentado muito tempo sobre o próprio rabo. Existe uma lei orgânica.
_Não fico sentado muito tempo sobre meu próprio rabo.
_É, não pode mesmo. Fumas?
_Sei disso. Mas também não pode vender sua própria alma e nem seu rabo.
_É, não podemos. Cê fuma?
_Sim, claro!
_Éééé...
_Despeje as cinzas no buraco. As cinzas ajudam a cicatrizar e aliviam a dor. As bactérias se encarregam do resto.
_Então você sente dor.
_Todos nós sentimos dor. O mundo é esse desmembramento.
Madonna terminou seu número e veio rebolando maliciosa na direção deles. Sentou-se no colo de M. e beijou-lhe sedutoramente a orelha. Ele sentiu o seu hálito morno e natural de puta no cio.
_Então, meninos, vamos fazer um programinha a três?
Ela se referia a Perna também. A quem mais poderia ser, se havia apenas ele e a Perna ali na mesa.
_O seu amigo é bem simpático, e depois eu adoro pernas cabeludas. – Disse a Madonna. M. fez estalar os dedos e vieram mais conhaques pra mesa. Luzes vermelhas giravam sobre eles. Madonna levantou-se e deu um girozinho de corpo exibindo sua bunda branca e flácida, repleta de celulites. Depois começou a esfregar-se na Perna e os pelos cabeludos da perna da Perna se ouriçaram todos. M. sentiu um comichão no pau no momento em que o Diabo da malícia montou na engrenagem da sua mente e ele então teve a ideia perversamente suja de convidar a Perna e Madonna para uma festinha particular em sua casa. Toparam.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A PERNA - PARTE I

FOI A PERNA. Ela salvou sua noite.
Eram quase duas daquela madrugada de dezembro, quando M. recebeu aquela cusparada na cara:
_Cara, não gosto dos teus escritos, não!
_Ah, não?
_Não! São vulgares e você força muito a barra.
_Forço muito a barra, é?
_ Além do mais, que contribuição terão?
M. pensou um pouco, e disse:
_Nenhuma. _ 0 cara olhou um instante muito sério para M. e disse: _ A escrita, poeta, é um fluxo livre. _ E fez um gesto nojento com as mãos. Havia uma mulher na mesa deles e ela dava risinhos.
_Fluxo livre... _repetiu M.
_Sim, a escrita é um fluxo livre. _E tornou a repetir o gesto.
_Vai mais uma aí na mesa? _Gritou o garçom.
_Manda lá! _Falou este cara.
Houve então uma pausa e ele tornou outra vez:
_Já até me disseram que és um copioso. Um plagista, saca. Que plageia os outros.
_Plagiador...
A dona dele concordava com a cabecinha. M. olhou pra ela. Era branquinha e delicada. Parecia feita de porcelana. Linda mesmo. Impossível de meter o seu pau ali dentro. Foi servida a cerveja e M. olhou para as muitas garrafinhas sobre a mesa. M. já tinha bebido além da conta. O bastante para começar a odiar deus e o mundo. E aquelas pessoas também. Arredou sua cadeira um pouco pra frente e disparou:
_E você?
_Eu?
_Sim, você.
_Que tem eu?
_Você já deu o seu cu? _O carinha tomou um susto. _Baixaria pô!
_Deu ou não deu o seu cu?
O cara do outro azedou feito vatapá.
_ Não lhe interessa, por que?
_Por que eu já dei o meu cu, você ainda não?
_Problema é seu!
_E a tua mãe? Já comeste a tua mãe?
_Ih, apelou! Vamos embora Paulo Henrique. _ Falou a dona dele levantando-se bruscamente. As pernas da mesa tremeram de rir. Copos e garrafas cuspiram engasgados. Ele havia mordido o traseiro deles. Enfiado o nariz no buraco do cu deles e farejado suas almas nojentas.
_Não aguenta uma critica esse palhaço aí. Desequilibrado. Escritorzinho de merda. Vamo embora Paulo Henrique, paga o que deves e vamo embora!
_Escritorzinho de merda? escritorzinho de merda sim, abençoado pelo grande ventre da merda de deus, enquanto escrevo os anjinhos ficam acariciando os pentelhos do meu saco, aí quando eu gozo me encho deles e peço para eles meterem seus dedos angelicais no meu cu até fazer eu gozar, aí eu gozo nos cachinhos dourados de cada um deles – a porra escorrendo pelas suas carinhas de anjos, limpando seus acnes divinos, precisam ver – mas eu também chupo o pau de deus e ele chupa o meu e quando gozamos juntos, banhamos essa cidade de merda com os nossos espermas sagrados, enquanto isso tu fica aí babando os colhões desse pessoal da cademia, escrevendo esses artigozinhos pro jornal falando de condição humana e sei lá mais o quê, mercenariozinho de merda, a min há literatura tem sangue e cheira fezes sim, e se o que eu escrevo não é literatura, eu tô cagando em cima teu pau!
Conseguiu vomitar tudo aquilo. Bateram em retirada amaldiçoando ele. Teve que pagar a conta sozinho. Vitorioso, M. desceu a avenida Eduardo Ribeiro como um gigante pequeno, rumo ao puteiro. A noite ainda destilava seu veneno. Os hidrantes bombeavam macabrosamente a água que escorria para a boca dos bueiros, saciando a sede dos ratos. A lua era uma porcaria, mas já começava a ficar tesuda. No balcão daquele stripper – em um dos muitos armazéns sujos do velho cais de Manaus, M. pediu uma dose cavalar de conhaque negro.Cerveja aquela altura, vomitaria a própria merda. Foi quando ouviu uma voz:
_Não é assim que se aniquila o inimigo. Tem que pisá-lo bem até esmagar a sua cabeça. E ainda sim, tem-se a ilusão de matá-lo. O homem é uma barata.
Olhou para o lado de onde vinha a voz e havia só uma perna. Uma porcaria de uma perna cabeluda, com um buraco no meio.
_Porra! Só me faltava essa. _ E virou de uma golada só o seu conhaque. (Nunca façam isso!)
_O fígado é a nossa alma!_ A nossa mandíbula por dentro. _Falou a Perna. Ela parecia sozinha e triste. Vinha um cheiro escroto de sua necrose, que ela tratou logo de corrigir: _Não é uma necrose, dessas que aparecem nos encartes de propaganda de cigarro, não. É só um buraco por onde respiro.
_Sim, claro!
_Claro não! Você achou que fosse uma necrose.
_Tudo bem, esquenta não.
Ele não acreditava que estava falando com uma perna. Madonna subiu no palco e fez o seu número rotineiro, escalando o ferro com sua buceta. Parecias trinta anos mais velha e acabada. Os peitões arriados, o cabelo curto e oxigenado. E ainda havia a porra de uma cicatriz cesariana que partia do ventre até o glote. Uma visão dolorosa do inferno. Um funcionário infeliz da Defesa Civil, em seu instante de graça, achou que poderia enfiar a porra da sua língua porca no cu sujo da Madonna, mas acabou levando um ponta pé nas fuças e sua noite acabou ali mesmo. Uma cena engraçada. Até a Perna riu. Depois disse:
_Mulher quando envelhece, é uma porra mesmo! Desaba o céu de sua vaidade. Nem as putas escapam. Paga uma dose por seu velho?
M. começava a gostar da Perna. Pagou-lhe uma dose e apontou com o beiço para uma mesa vazia. Queria ver até onde aquilo iria. Era só uma Perna. Fruto quem sabe, de sua imaginação embriagadamente perversa. Ela flexionou só um pouquinho o joelho e se encaixou direitinho na borda da mesa e ficou lá se balançando. Era impressionante. M. pensou em puxar seu bloquinho de notas e começar a escrever sobre aquilo quando a Perna o interrompeu:
_Agora me dá um pouco disso aí, tive um dia péssimo.
_Como faço?
_Derrama um pouco aqui no buraco.
M. fez o que ela mandou e a Perna onomatopeou um regozijo quase infinito. Inclinada para trás, junto ao ferro, Madonna seguia com seu show. Mostrava agora sua imensa xoxota encarquilhada querendo engolir o mundo.

domingo, 6 de março de 2011

sem título essa porra

a ideia de alugarmos um batelãozinho e descermos ás margens do Solimões com o rio negro, foi do Adriano Furtado, sujeito mais louco que já conheci, e CARA, foi uma experiência maravilhosa, do caralho mesmo poder levar um pouco da nossa literatura e um pouco de informação também para uma gente esquecida, massacrada e ignorada pelas autoridades do nosso estado, e PORRA, quanta miséria e quanto descaso ainda existe nesses rincões amazônicos, e eu ali vendo os olhinhos daquelas crianças brilhando enquanto declamávamos os nossos poemas, enquanto o Furtado improvisava da popa daquele batelão velho e acabado o seu teatrolouco-performático E NUMA NOITE quando chegamos a um vilarejozinho chamado "Vila da Fé", eu falei pro Furtado enquanto bebíamos olhando a chuva: “cara, nada de institucionalizar essa ideia e ganhar dinheiro com isso, faço isso do fundo do meu coração,” e ele topou, E AGORA DE VOLTA A MANAUS me pego lendo num desses jornalecozinhos locais o grande projeto que envolve escritores como o SR. MiLTON HATOUM( três vezes prêmio jabuti de literatura) e demais escritores célebres de outros estados e países, que viajarão pela Amazônia a bordo de um transatlântico luxuoso, onde os mesmos falarão de suas literaturas e mostrarão as belezas e riquezas de nossa região para um público fechado composto de magnatas, empresários e o o caralho-a-quatro, e daqui eu penso, saca, ISSO SIM É QUE É UMA GRANDE CONTRIBUIÇÃO, cês não acham?

VIVA LA LETERE!!