quinta-feira, 17 de março de 2011

A PERNA - PARTE II - O MUNDO É ESSE DESMEMBRAMENTO

_ O que você fazia da vida antes de se tornar isso aí... digo... essa perna? Perguntou encabulado M.
_Tudo bem... – Tossiu a Perna. _ Vivi muito tempo sentado sobre o próprio rabo, sem produzir nada, saca, aí então veio o câncer da inércia e me consumiu, restando-me apenas esta perna, o que eu sou agora. Cê não pode ficar sentado muito tempo sobre o próprio rabo. Existe uma lei orgânica.
_Não fico sentado muito tempo sobre meu próprio rabo.
_É, não pode mesmo. Fumas?
_Sei disso. Mas também não pode vender sua própria alma e nem seu rabo.
_É, não podemos. Cê fuma?
_Sim, claro!
_Éééé...
_Despeje as cinzas no buraco. As cinzas ajudam a cicatrizar e aliviam a dor. As bactérias se encarregam do resto.
_Então você sente dor.
_Todos nós sentimos dor. O mundo é esse desmembramento.
Madonna terminou seu número e veio rebolando maliciosa na direção deles. Sentou-se no colo de M. e beijou-lhe sedutoramente a orelha. Ele sentiu o seu hálito morno e natural de puta no cio.
_Então, meninos, vamos fazer um programinha a três?
Ela se referia a Perna também. A quem mais poderia ser, se havia apenas ele e a Perna ali na mesa.
_O seu amigo é bem simpático, e depois eu adoro pernas cabeludas. – Disse a Madonna. M. fez estalar os dedos e vieram mais conhaques pra mesa. Luzes vermelhas giravam sobre eles. Madonna levantou-se e deu um girozinho de corpo exibindo sua bunda branca e flácida, repleta de celulites. Depois começou a esfregar-se na Perna e os pelos cabeludos da perna da Perna se ouriçaram todos. M. sentiu um comichão no pau no momento em que o Diabo da malícia montou na engrenagem da sua mente e ele então teve a ideia perversamente suja de convidar a Perna e Madonna para uma festinha particular em sua casa. Toparam.

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